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No
início eram as trevas.
Nada se sabia sobre a nova doença e sua
causa. A ignorância e o medo imperavam
e a morte caminhava junto a nossos calcanhares.
Felizmente o tempo e a ciência trouxeram
a luz para a epidemia de AIDS, revelando seu
causador e suas formas de agir. Assim, foi possível
a descoberta de diversos exames e medicamentos
que, juntos, deram condições de
cercear sua propagação. Quase
uma cura, um controle. Voltamos a fazer planos
de longo prazo, voltamos a sonhar. Voltamos
a viver. A viver em uma arena onde nos acostumamos
a enfrentar e vencer um tigre por dia.
No entanto, o mesmo tempo e
a mesma ciência estão se encarregando
de comprovar que a AIDS está longe de
ser considerada uma epidemia crônica e
que seu controle é mais complexo do que
se imaginava. Ela, assim como seu causador,
é de uma mutabilidade tal que faz uma
peste gay virar uma doença de tiozinhos
e de meninas adolescentes. Do high society à
periferia. Das oportunistas aos eventos adversos.
Da diarréia ao câncer. Desde 2003,
na arena da vida entrou um novo oponente, um
verdadeiro leão que viria se somar ao
tigre no intuito de derrotar nosso já
combalido exército de gladiadores microscópicos.
Desde 2003 são relatados casos de linfomas
e outros cânceres acometendo pessoas aderentes
ao tratamento e situação imonológica
estável, retardando o diagnóstico
e comprometendo o manejo da doença. Desde
essa mesma época são apresentados
estudos relacionando os novos tumores ao longo
tempo de exposição ao HIV e outros
concluindo que seria efeito da aplicação
da TARV (Terapia Anti-Retroviral). Igualmente,
desde essa época, a sociedade civil vem
intervindo em congressos, fóruns e demais
espaços de controle social cobrando maior
visibilidade ao tema e, além disso, medidas
para preparar o SUS (Sistema Único de
Saúde) para uma eventual demanda de PVHA
(Pessoas Vivendo com HIV e Aids) para os serviços
de oncologia. Nada foi feito.
Hoje temos um número assustador de ativistas
vivendo com HIV em processos de biópsia
ou tratamento de câncer. Em levantamentos
informais verificamos que dentre as lideranças
de PVHA do estado de SP, onze estão nessa
situação. No recém realizado
Encontro do Instituto Diet em Guarulhos, dentre
80 pessoas que participaram da oficina ‘Câncer
e Aids’, éramos doze. Sabendo que
tanto a AIDS quanto o câncer não
diferenciam classes sociais, orientações
e nem posicionamentos políticos, tememos
que esse novo desafio esteja disseminado no
SUS ocasionando perda de qualidade de vida,
quando não mortes por causa não
identificada, criando a ilusão de que
as mortes relacionadas à epidemia estejam
em queda.
Até quando a gestão pública
e os laboratórios farmacêuticos
irão argumentar o desconhecimento da
procedência dos cânceres como motivo
para a não adoção de medidas
que se mostraram necessárias há
pelo menos quatro anos? Quantos de nós
teremos que passar por biópsias, quimioterapias,
radioterapias que, aliadas ao coquetel, bombardearão
os nossos gladiadores? Quantos não teremos
acesso a esses insumos simplesmente por não
haver previsão para essa demanda nos
serviços de câncer? Ou, pior, quantos
de nós não teremos assistência
simplesmente por não haver sido diagnosticado
em tempo, afinal os exames necessários
para dar sustentação ao Melhor
Programa de AIDS do Mundo são feitos
no nosso jovem e complexo Sistema Único
de Saúde, marcados sempre com espaço
de meses entre a consulta e a realização
do mesmo. É preciso agilidade
ao setor público para se adaptar aos
sempre inovadores desafios impostos pela epidemia.
É necessária a articulação
urgente entre as áreas de câncer
e AIDS. É necessário que os laboratórios
farmacêuticos assumam de vez a fase quatro
das pesquisas clínicas e monitorem esses
eventos tão logo quanto surjam os primeiros
casos. É necessário que a sociedade
civil recobre a combatividade de outrora em
nome da solidariedade e da vida das pessoas
que vivem com HIV/AIDS. É necessário
empunhar, uma vez mais, a abandonada bandeira
pela cura da AIDS. Reverter o equivocado percentual
utilizado para pesquisas de vacinas e o utilizado
para novos medicamentos.
O Conselho Nacional de Saúde concordou
que o assunto é grave, tanto que o pautou
para a reunião da Comissão de
AIDS para novembro. O mesmo com relação
à CNAIDS ( Comissão Nacional de
Aids). O movimento de luta contra a AIDS, ainda
fragmentado, assumiu a pauta e a está
empunhando de forma resoluta, afinal estamos
vendo nossos amigos perplexos diante do ‘novo’
desafio. Amigos que acreditaram que a ciência
e o tempo iriam resolver a luta contra o tigre.
E que, ao ver um leão atacando pelo outro
lado, temem pela própria sobrevivência,
pela sobrevivência de seus amigos e, por
que não, pela sobrevivência do
‘Melhor Programa de AIDS do Mundo’.
O MUNDO TEM PRESSA NA CURA DA AIDS!
O CÂNCER É A NOVA CARA DA AIDS.
Você Sabia?
- A AIDS já matou 20 Milhões de
pessoas no mundo;
- 37 Milhões de adultos e 2,5 milhões
de crianças menores de 15 anos são
portadoras do Vírus HIV;
- 15 milhões de crianças ficaram
órfãs por causa da Aids;
- Nos EUA um novo teste de Aids detecta o vírus
através da saliva, em 20 minutos;
- Pelo menos metade dos 13 milhões de
usuários de drogas injetáveis
em todo mundo está contaminada pelo vírus
HIV;
- Não existe nenhum caso documentado
de transmissão do HIV pela lágrima
ou saliva. No
Brasil
TODOS OS DIAS, no Brasil, 27 pessoas morrem
de Aids e 70 novos casos da doença são
registrados? Atualmente existem 140.000 pessoas
com Aids em tratamento e mais de 600 mil infectados
pelo HIV no país. Metade da epidemia
está no Estado de São Paulo e
mais de 20% na capital.
AIDS como se pega e como não se pega.
Quando uma pessoa é contaminada pelo
vírus da aids, vários fantasmas
passam por sua cabeça. Um deles, o medo
de contaminar os outros.No entanto, o hiv não
é um vírus que se transmite facilmente.
Doar sangue, amamentar, fazer sexo sem proteção
e compartilhar agulhas e seringas com outras
pessoas são atitudes de alto risco para
a transmissão do hiv. Mas ações
cotidianas como beber no mesmo copo, usar o
mesmo banheiro, beijar, abraçar, entre
outras, não oferecem o menor perigo.
Algumas das
duvidas mais freqüentes:
Beijo na boca passa AIDS?
O beijo nunca foi estabelecido como forma de
infecção pelo HIV. O que pode
preocupar são sangramentos que a pessoa
soropositiva por ventura tiver na gengiva. Feridas
secas não conseguem transmitir o vírus.
E a saliva?
A quantidade de HIV na saliva é muito
pequena e, além disso, nela existem várias
enzimas que protegem a boca de uma possível
contaminação. Só há
perigo de contaminação pelo HIV
caso as duas pessoas tenham péssima higiene
oral e sangramentos constantes na boca.
Uma pessoa que tem cuidados básicos com
sua boca e costuma ir ao dentista não
tem como transmitir o HIV através do
beijo. Qual o risco de se contaminar
no vaso sanitário?
Essa preocupação não deve
existir. É muito mais fácil se
contaminar por várias outras doenças
em banheiro sujo do que pelo vírus da
aids. Qual o risco no Dentista?
E na acupuntura?
Todos os procedimentos de esterilização
normalmente feitos num consultório dentário
ou em um médico acupunturista são
suficientes para eliminar o HIV. Qual
o perigo de se praticar sexo oral com uma pessoa
contaminada pelo HIV?
No sexo oral, a pessoa ativa não transmite
o HIV porque não é possível
transmiti-lo através da saliva. Já
quem recebe a ejaculação de uma
pessoa soropositiva na boca corre o sério
risco de se contaminar. A secreção
que sai do pênis antes da ejaculação,
por ser em pouca quantidade e conter um número
menor de vírus, dificilmente é
capaz de contaminar alguém.
O ideal é usar preservativo também
durante o sexo oral. Caso contrário,
não se estenda por muito tempo nesta
prática. Use-a apenas como preliminar.
Desse modo, o risco de contaminação
torna-se menor.
Quando a mulher soropositiva recebe o sexo oral,
a probabilidade do parceiro ser contaminado
é menor, pois a secreção
feminina apresenta menos quantidade de vírus
do que a ejaculação masculina.
No entanto, durante ou próximo ao período
menstrual, deve-se evitar essa prática,
pois o risco aumenta muito.
O problema maior para quem pratica o sexo oral
é pegar outras doenças venéreas,
como sífilis, gonorréia ou herpes.
Se houver feridas no pênis, o risco de
transmitir o HIV é maior. Praticar sexo
oral implica correr algum risco, mas você
diminui esse risco se evitar a ejaculação
na boca, contato com feridas no pênis
ou na vagina e contato durante ou próximo
ao período menstrual. O
sangue contaminado pelo HIV entra em contato
com outra pessoa. Qual o perigo nesse caso?
É muito pouco provável que
aconteça o contagio em uma situação
como essa. Se a pele da pessoa que não
é soropositiva estiver íntegra,
ela funciona como uma barreira eficaz contra
o HIV.
Mas entrar em contato com o sangue de outra
pessoa nunca é bom, soropositiva ou não.
A possibilidade de contrair outras doenças
como hepatite, por exemplo, é muito maior.
Existem diversos tipos de microrganismos presentes
na corrente sanguínea que são
transmissíveis pelo sangue.
As pessoas fantasiam muito com a forma de contaminação.
Ninguém se contamina por encostar-se
em sangue com HIV. O vírus da aids precisa
entrar na corrente sanguínea para contaminar
alguém. Ou seja, para haver contaminação
seria necessária uma grande quantidade
de sangue caindo em cima de um corte profundo.
Quanto maior a carga viral no sangue, ,maior
o risco de se transmitir o HIV?
Sim. Quem tem mais vírus pode transmiti-lo
com mais facilidade. Isso não quer dizer
que quem tem carga viral baixa ou indetectável
não transmite o HIV, quer dizer que a
probabilidade é menor. Como
Prevenir?
Reduzir ao máximo o número de
parceiros sexuais. Quanto maior o número,
maior a possibilidade de pegar AIDS.
A igreja recomenda a castidade antes e a fidelidade
no casamento como única prevenção.
Se não concordar com as exigências
da moral cristã e tiver um ou mais parceiros
sexuais, é mal menor usar camisinhas.
NÃO USAR DROGAS
Em caso de uso, usar seringas descartáveis.
Quando receber transfusão de sangue certificar-se
de que o sangue tenha sido previamente testado
para detectar o vírus da AIDS.
Onde não se pega AIDS
Na piscina
No ônibus
No beijo social
Em visitas aos hospitais
Nos talheres
No sanitário
Na convivência social
Na picada de inseto
No assento
Na escola Fonte
de informação: Revista Saber Viver
; Estevão Portela (infectologista); Marlete
P. da Silva (nutricionista) |
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