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Notícia - 02/08/2011 - Governo de São Paulo lança plano contra abuso de álcool na adolescência
02/08/2011 - Governo de São Paulo lança plano contra abuso de álcool na adolescência
Segundo levantamento da Secretaria Estadual da Saúde, uma pessoa é internada no Estado por problemas decorrentes do uso do álcool a cada 20 minutos. Os motivos vão desde intoxicação por abuso pontual até cirrose alcoólica, problemas cardíacos e câncer.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que 4% das mortes ocorridas no mundo (cerca de 2,5 milhões de pessoas) são ocasionadas pela bebida, sem contar crimes passionais e acidentes de trânsito potencializados por ela.
O uso excessivo do álcool também aumenta a vulnerabilidade às DST/Aids.
Os jovens, principal alvo deste programa estadual, merecem atenção especial. O Cratod (Centro de Referência em Tratamento de Álcool, Tabaco e Outras Drogas) detectou que 80% dos pacientes diagnosticados alcoólatras deram o primeiro gole antes dos 18 anos.
Pesquisa do Instit uto Ibope, feita a pedido do Governo do Estado, apontou que 18% dos adolescentes entre 12 e 17 anos bebem regularmente, e que quatro entre dez menores compram livremente bebidas alcoólicas no comércio. Segundo a pesquisa, o consumo de álcool acontece, em média, aos 13 anos.
Um projeto de lei, encaminhado à Assembleia Legislativa pelo Governador Geraldo Alckimin nesta segunda-feira, prevê aplicação de multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias, ou até mesmo a perda da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS, de estabelecimentos que vendam, ofereçam, entreguem ou permitam o consumo, em suas dependências, de bebida com qualquer teor alcoólico entre menores de 18 anos de idade em todo o Estado.
"É uma lei extremamente importante, que tem caráter de saúde pública, protegendo crianças e adolescentes da ingestão precoce de bebidas alcoólicas", afirma o governador Alckmin.
Atualmente, o comerciante só pode vender bebidas alcoólicas a maiores de 18 anos. No entanto, se essa pessoa repassa o álcool ao adolescente ou criança no estabelecimento, ele não tem qualquer responsabilidade. A nova legislação muda esse ponto e obriga o comerciante a pedir documento de identificação para realizar a venda ou deixar que o produto seja consumido no local.
"Parte das pessoas que começam a beber na infância e na juventude torna-se, mais tarde, abusadora dessas substâncias, ingerindo regularmente quantidade diária de álcool acima da considerada tolerável pela OMS. Daí para a dependência química é um pulo. E é isso, exatamente, que pretendemos evitar", diz Giovanni Guido Cerri, secretário de Estado da Saúde de São Paulo.
Os fornecedores de produtos ou serviços no Estado deverão afixar avisos de proibição de venda, oferecimento e permissão de consumo de bebidas alcoólicas a menores de idade, com indicação da nova lei, orientar os funcioná rios para que informem permanentemente aos consumidores sobre a restrição e exigir documento oficial com foto para comprovar a maioridade do interessado em consumir bebida alcoólica.
Os estabelecimentos poderão abster-se de vender ou fornecer bebidas alcoólicas a quem se recuse a apresentar documento de identificação.
Álcool e aids
Um estudo publicado pela revista científica The Lancet e apresentado em 2010 em Viena durante a Conferência Internacional de Aids mostrou que o consumo de bebidas alcoólicas é um dos principais fatores de risco para o sexo sem proteção.
No Brasil, um levantamento feito pelo Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde também indica a associação. Segundo a pesquisa realizada no Brasil em 2008 com pessoas entre 15 e 64 anos, 72,7% acreditam que o uso de álcool ou drogas pode fazer com que as pessoas tenham relações sexuais sem camisinha. Cerca de 24% dos entrevistados já deixaram de usar preservativos sob efeito de álcool ou drogas.
"O álcool aumenta a vulnerabilidade, principalmente entre os jovens. A pessoa sob efeito de bebidas alcoólica ou drogas têm uma diminuição da consciência e acaba sendo levada pela emoção, pelo momento", afirmou o diretor adjunto do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa.
Segundo Eduardo, em alguns casos o excesso de bebidas alcoólicas faz com que a pessoa esqueça o preservativo. Em outros, a pessoa sabe que precisa usar e, se não tem camisinha na hora, faz sexo mesmo assim. "Temos uma política de redução de danos. Distribuímos preservativo em bares e boates. Mas chega um momento em que a questão se torna mais individual e não temos como atuar", destacou.
Ele faz um alerta: "As pessoas precisam entender que, mesmo em um ambiente de diversão, precisam estar conscientes de que o risco de vulnerabilidade com o álcool é grande, seja para o HIV ou para um acidente de carro", alerta o diretor adjunto.
Em 2007, o Instituto Cultural Barong, de São Paulo, já estava preocupado com o problema e organizou uma série de debates sobre “Álcool e Saúde Sexual e Reprodutiva.” A coordenadora do Barong, Marta Mc Britton, explicou que o fato do álcool aumentar a exposição dos jovens a situações de risco (como relações sexuais sem proteção, acidentes de carros e agressões físicas) foi justamente a principal motivação para as discussões.
Álcool e antirretrovirais
Por precaução, a maioria dos médicos recomenda evitar a combinação de bebida e remédios. Mas não são todos os medicamentos que, misturados ao álcool, causam efeitos colaterais.
Segundo Patricia Moriel, profe ssora do curso de farmácia da Unicamp e responsável pelo grupo de farmácia clínica, apenas 17% dos remédios podem causar danos ao ser consumidos com álcool. Desse total, 15% podem causar interações graves, com risco de morte.
O problema, diz a também farmacêutica Amouni Mourad, é que há remédios que interagem com álcool nas principais classes de drogas, e cada organismo reage de forma diferente à mistura. “Na dúvida, deve-se optar pela segurança de não consumir álcool usando medicamentos”, afirma Mourad, que é assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
Segundo um estudo italiano de 2002, com 22.778 adultos, o uso moderado de álcool está associado ao aumento de 24% no risco de reações adversas a medicamentos.
Os efeitos foram mais frequentes nas mulheres do que nos homens. Os mais comuns foram problemas gastrointestinais, seguidos por complicações hormonais, alergias e arritmias cardíacas.
Fonte: Redação da Agência de Notícias da Aids
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