Notícia - Cientistas criam vacina contra a aids que usa o vírus do próprio infectado

Cientistas criam vacina contra a aids que usa o vírus do próprio infectado

Uma equipe de pesquisadores espanhois desenvolveu uma vacina terapêutica capaz de controlar temporariamente o avanço do vírus HIV no organismo de pessoas infectadas. A vacina é feita a partir de células do sistema de defesa e com amostras do HIV obtidas do próprio paciente para ajudar o sistema imunológico a combater a doença. Assim, embora não promova a cura da enfermidade, ela é capaz de reduzir a carga viral na corrente sanguínea dos infectados por um determinado período de tempo sem a necessidade do uso de antirretrovirais. A pesquisa, desenvolvida na Universidade de Barcelona, na Espanha, foi publicada nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
O estudo testou a vacina terapêutica em 36 pessoas infectadas pelo vírus HIV que faziam uso de terapia antirretroviral, um grupo de medicamentos que ajudam a controlar a carga viral no organismo de pacientes com aids. Os cientistas retiraram amostras do vírus e também de células saudáveis (chamadas de dendríticas) dos próprios indivíduos. Essas células ativam o sistema imunológico quando um vírus tenta atacar as células de defesa.

Para validar os resultados, os pesquisadores inativaram as amostras de HIV, que ainda assim continuavam capazes de provocar uma resposta do sistema imunológico, e expuseram as células saudáveis ao vírus. Com isso, a equipe tinha como objetivo fazer as células "instruírem o sistema de defesa para que ele pudesse lutar contra o vírus HIV, o que ele não faz normalmente", segundo explicou Felipe Garcia, coordenador do estudo.
Testes — Antes de aplicarem a vacina nos participantes, os cientistas pediram que eles deixassem de fazer uso da terapia antirretroviral por um tempo. Assim, o HIV conseguiria voltar a se replicar naturalmente e os pesquisadores poderiam comparar os reais efeitos da substância testada. Segundo os resultados, a carga viral caiu de forma significativa na maioria dos pacientes, que passaram a apresentar um nível muito baixo de vírus no sangue mesmo sem o uso dos antirretrovirais. Além disso, a vacina se mostrou segura, sem provocar os fortes efeitos colaterais causados pela terapia convencional.

No entanto, a eficácia da vacina caiu 24 semanas após a aplicação. Por esse motivo, outros estudos ainda são necessários para entender de que forma seus efeitos positivos podem ser estendidos. Mesmo assim, a equipe está otimista em relação aos resultados. "Essa é a demonstração mais forte que há na literatura científica de que uma vacina terapêutica é possível. Embora ainda não promova a cura, os resultados deixam em aberto a possibilidade de conseguirmos criar a vacina ideal para combater a doença", escreveram os pesquisadores em um comunicado.

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