Notícia - Estudo testa terapia genética para combater a aids

Estudo testa terapia genética para combater a aids

Pesquisadores descobriram que a terapia genética, que modifica o DNA das células para combater determinada doença, pode ser um caminho para promover uma cura funcional em pacientes infectados pelo vírus HIV, causador da aids. Isso quer dizer que tais pacientes, mesmo deixando de ser tratados com remédios antirretrovirais, passariam a ter níveis tão baixos de HIV no organismo que o vírus se tornaria incapaz de produzir sintomas. O estudo, ainda em fase inicial, foi realizado na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e publicado na nova edição da revista The New England Journal of Medicine.

A terapia genética vem sendo testada para tratar diversas doenças. Ela consiste em extrair células de um paciente e substituir determinado gene por outro com características diferentes. Depois, as células modificadas são injetadas novamente no indivíduo, que passa a ter a capacidade de lutar contra algum problema de saúde.

Alteração genética — A técnica usada na nova pesquisa foi desenvolvida para bloquear a ação do gene CCR5, que está presente no HIV e é essencial para que ele infecte as células de defesa que lutam contra o vírus. Para isso, os especialistas extraíram e modificaram as células de defesa de doze pacientes infectados pelo HIV. O objetivo era alterar a parte do DNA que codifica o receptor do CCR5. Assim, com a ausência do receptor, o gene do HIV não conseguiria se ligar às células e, portanto, não causaria a infecção.

Segundo os autores do estudo, a técnica foi desenvolvida para imitar a resistência ao vírus HIV apresentada por um pequeno número de pacientes, que têm naturalmente a mutação genética que bloqueia a ação do gene CCR5.

Resultados — Essa foi a primeira fase clínica da pesquisa, que é feita para comprovar a segurança da técnica. De acordo com os resultados, o tratamento demonstrou ser seguro: dos doze pacientes, apenas um apresentou uma reação temporária (com febres e calafrios) ao longo das 24 horas seguintes à injeção das células.

Os pesquisadores também já conseguiram observar que as células de defesa modificadas persistem no organismo do paciente e que, com isso, a presença do vírus diminui mesmo sem o uso de medicamentos antirretrovirais. No entanto, ainda não é possível afirmar que a terapia genética é capaz de promover uma cura funcional da aids. Para isso, o tratamento deverá ser testado em estudos maiores.

Os resultados da pesquisa foram recebidos com otimismo pela comunidade científica. “É uma ciência muito sólida e elegante. Há fortes evidências de que células que são modificadas são menos propensas a morrer”, disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Doenças Alérgicas e Infecciosas dos Estados Unidos. Já Rowena Johnson, diretora da Fundação para Pesquisas em Aids (amfAR), considerou os resultados como “impressionantes”. “Por muitos anos, as pessoas não achavam que um dia seria possível curar a infecção pelo HIV. Agora, a questão não é mais ‘Será que é possível?’, mas sim ‘Como nós faremos isso?’”.

Avanços — Nesta quarta-feira, médicos americanos anunciaram que uma bebê nascido na Califórnia com o vírus HIV pode ter sido curado. Se o feito se confirmar, a criança será o segundo recém-nascido a livrar-se da doença por ter recebido altas doses de um coquetel antirretroviral poucas horas após o nascimento. O primeiro foi um bebê nascido no estado americano do Mississipi cuja história ficou conhecida no início do ano passado.

O anúncio foi feito durante uma conferência sobre aids em Boston, Estados Unidos, que reúne os principais pesquisadores da doença do mundo. No evento, também foram apresentadas duas pesquisas que mostraram evidências de que a infecção pelo HIV pode ser prevenida com injeções mensais de antirretrovirais. Os estudos foram feitos em macacos e, se os testes forem positivos também em humanos, essa pode ser uma forma mais eficaz de evitar a doença principalmente em pessoas do grupo de risco – como quem tem um parceiro com aids ou profissionais de saúde que trabalham em centro especializados na doença.


Fonte: VEJA Saúde

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