Notícia - 27/11/2009 - Desigualdade de gênero ainda é um dos principais fatores de infecção pelo HIV em mulheres jovens, acreditam ativistas

27/11/2009 - Desigualdade de gênero ainda é um dos principais fatores de infecção pelo HIV em mulheres jovens, acreditam ativistas

Segundo o Boletim Epidemiológico de 2009, do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, há 10 casos de aids em meninas de 13 a 19 anos para 8 meninos da mesma faixa etária. Os dados devem ser divulgados nesta próxima quinta-feira (25). Ativistas ouvidos pela Agência de Notícias da Aids acreditam que a desigualdade de gênero e a confiança de mulheres jovens no parceiro são as principais causas do fato apontado pelo Ministério da Saúde.

Para a pesquisadora da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e membro do Instituto Cultural Barong, Regina Figueiredo, por motivos culturais a sociedade evita passar informações sobre sexo para adolescentes. “A principal preocupação delas é a gravidez”, disse.

Um segundo fator apontado por ela, também cultural, é a confiança das mulheres no parceiro. “As meninas, quando iniciam a vida sexual, geralmente usam o preservativo, mas logo quando começam a namorar já negociam com o não uso da camisinha. Ou seja, os dois sexos são vulneráveis, porém os meninos acabam se relacionando com mais de uma jovem, por isso o número maior em mulheres infectadas”, explica Figueiredo.

”Outro ponto importante é incluir a sexualidade como uma das disciplinas nas escolas. O programa SPE (Saúde e Prevenção nas Escolas) é do governo federal, mas as escolas são dos Estados e Municípios, por isso nem todas aderiram ao programa. Na pesquisa que realizei, pude observar que em São Paulo o SPE atinge apenas 43% das escolas”, disse Regina Figueiredo.

Micaela Carolina Cyrino da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS (RNAJVHA) também acredita em fatores culturais. “As meninas depositam muita confiança no parceiro e as mulheres sempre foram desvalorizadas perante os homens na decisão de escolha de usar o preservativo ou até mesmo se querem ou não fazer sexo”, disse.

Para ela, o Brasil precisa realizar um trabalho de prevenção que vá além da questão do preservativo. “É preciso promover mais a confiança e autonomia das mulheres, além do uso do preservativo feminino”, destacou a ativista.

A tendência de crescimento do número de mulheres infectadas também foi destacada no relatório do Programa das Nações Unidas para HIV e AIDS (UnAids), divulgado ontem. Ele mostra que dos 2,7 milhões de novos casos da doença estimados para 2008, 48% foram em mulheres.

Fonte: Agência de Noticias Aids

 
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