Notícia - 16/06/2010 - Experiências de mulheres que vivem com HIV e aids marcou debates em Seminário no Rio de Janeiro

16/06/2010 - Experiências de mulheres que vivem com HIV e aids marcou debates em Seminário no Rio de Janeiro

Ainda temos dificuldades em lidar com a sexualidade feminina”, destacou a ativista Maria Teresinha V. Duarte (foto)

O I Seminário de Mulheres Posithivas do Rio de Janeiro realizado no início do mês exemplos das dificuldades e desrespeitos sofridos por mulheres que vivem com HIV e aids.

A partir de um resgate histórico da epidemia no Brasil, a Assessora Técnica da Unidade de Articulação com a Sociedade Civil e Direitos Humanos, Bárbara Graner, lembrou que, por muitos anos, excluímos as mulheres da vulnerabilidade frente ao HIV, relacionando a doença apenas aos homossexuais, usuários de drogas e profissionais do sexo.

“Essa defasagem de atenção trouxe um preço muito alto para o País. Hoje temos uma equidade entre homens e mulheres no que se refere à infecção pelo HIV e, com certeza, não é essa equidade entre sexos que queremos”, afirmou.

A ativista Maria Teresinha V. Duarte (foto) ressaltou as dificuldades que ainda temos em lidar com a sexualidade feminina. “A mulher continua cedendo e não usando a camis inha. Muitas vezes eu usei a camisinha para evitar filhos, mas nunca pensei na prevenção do HIV”, disse. O resultado foi o diagnóstico positivo para o vírus da aids após os 50 anos de idade.

E com ele, o preconceito. “É muito difícil, até mesmo para os profissionais de saúde, lidar com a possibilidade de uma mulher com 57 anos se infectar pelo HIV. Quem pediu aos médicos para fazer o exame fui eu. Eles se perguntavam como alguém na minha idade poderia ter aids”, destacou Terezinha.

Cida Lemos, integrante do Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas, também lembrou da luta para diagnosticar a doença. “Fui tratada para lúpus e febre reumática, os médicos jamais pensaram em HIV. Eu era uma pessoa informada, diretora de escola e não tinha parceiro há algum tempo. Para eles, eu estava imune ao vírus”, afirmou.

Cida, que perdeu a visão um ano após o conhecimento do diagnóstico soropositivo, destacou a importância de se pensa r sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) junto às pessoas deficientes. “Estou brigando há cinco anos com o Departamento de Aids (do Ministério da Saúde) no sentido de trazer a relação deficiência e Aids. Quantas de nós não era deficiente e se tornou em decorrência da doença?”, perguntou.

Aplaudida pelas participantes, ela terminou a apresentação afirmando que o preconceito persiste e que para combatê-lo é preciso doar-se. “Quando eu achei que tinha muito a pedir, eu descobri que tenho muito a dar. A partir do momento que eu parei de ter pena de mim, as coisas melhoraram”, afirmou.

Fonte:

 
< Voltar